Neurotransmissores e a sensação de bem-estar

Quimicamente falando, os neurotransmissores são substâncias capazes de conduzir e transmitir informações entre os neurônios, atuando no cérebro como mensageiros que estimulam impulsos e reações no indivíduo.

Na prática, como eu gosto de pensar, os neurotransmissores podem ser considerados como a representação das nossas emoções ou sentimentos. Eles são os nossos mensageiros químicos relacionados ao humor, sono, atração, atenção, sensações de prazer, entre outros.

Com função vital para o nosso corpo e para a nossa dinâmica de SER humano, de sentir, de reagir aos impulsos, podemos considera-los como uma das maiores descobertas no campo de como funciona a nossa máquina, se assim podemos dizer.

Entender que o aquilo que chamamos de sentimentos no campo externo é apenas uma consequência daquilo que acontece internamente no nosso corpo é talvez um dos principais passos para redefinir sua biologia – se você for um amante do biohacking – ou um dos maiores incentivos para você mudar seu estilo de vida – isso é, para um estilo de vida voltado para o bem-estar.

A ciência, querendo descobrir aquilo que acontece no corpo quando você está alegre, identificou um caminho para isso: estimular os neurônios a produzirem serotonina, endorfina, dopamina e oxitocina – neurotransmissores considerados protagonistas dos momentos felizes. 

“São substâncias químicas que funcionam como mensageiros capazes de ativar áreas do cérebro responsáveis por determinados estados de ânimo e comportamentos”, explica a neurologista Aline Turbino, de São Paulo. 

Nesse blogpost apresentaremos pontos extremamente relevantes no entendimento dos nossos neurotransmissores, como a diferença entre eles e os hormônios. Apresentaremos, também, alguns dos principais mensageiros químicos e sua relação com nossas emoções.

Por fim, mostraremos como você pode tomar algumas decisões na sua vida para garantir que a quantidade de neurotransmissores presente no seu corpo seja suficiente para sustentar uma vida repleta de sentimentos positivos, para que você consiga focar e terminar o que tem para fazer no trabalho e para que sentimentos ruins como depressão e ansiedade sejam minimizados.

Existe uma diferença entre hormônios e neurotransmissores?

Talvez a primeira pergunta que vem na cabeça de quem conhece um pouco do assunto de neurotransmissores é se existe alguma diferença entre eles e os hormônios.

Com função semelhantes, os dois tipos de mensageiros químicos se diferenciam pelo órgão onde ocorre sua liberação e pela distribuição de seus efeitos.

Os hormônios são geralmente liberados por glândulas e lançados na circulação sanguínea, podendo se ligar a receptores de células de qualquer parte do corpo. Isso significa que seu efeito é mais difuso. Alguns exemplos são a adrenalina, a insulina e a grelina. 

Já os neurotransmissores são liberados por neurônios na fenda sináptica e se ligam a receptores de uma outra célula muito próxima. Sua distribuição é mais localizada. Aqui temos a dopamina, serotonina, glutamato, entre outros. Continue lendo para entender melhor cada um destes neurotransmissores e sua importância para os nossos processos biológicos.

Endorfina

Neurotransmissor da euforia.

No início dos anos 70, alguns pesquisadores estudavam como o cérebro é afetado por opiáceos, como a morfina. 

Eles descobriram que os opiáceos interagem com receptores específicos nas células que se concentram principalmente no cérebro e na medula espinhal. Quando os opiáceos entravam nesses receptores, eles impediam ou bloqueavam a transmissão de sinais da dor para a célula. 

A grande dúvida que pairava entre os cientistas que estudavam esse fenômeno é por que esses receptores especializados existiriam no corpo humano? Não parecia muito plausível dizer que existia uma resposta evolucionária para que o corpo tivesse receptores de substâncias como a morfina ou a heroína. 

A tese pensada foi que os receptores opióides existiam devido à presença de uma substância semelhante aos opiáceos testados. Essa substância, porém, produzida naturalmente pelo corpo. 

E assim foi descoberta a Endorfina. Um neurotransmissor que é produzido como uma resposta a certos estímulos como estresse, medo ou dor.

Considerado por muitos como um analgésico natural, a endorfina interage, principalmente, com receptores de células encontradas em regiões do cérebro responsáveis por bloquear o sentimento da dor e controlar as emoções. 

As endorfinas bloqueiam a dor, mas também tem importante papel nos nossos sentimentos de prazer. 

Fazendo uma análise da evolução humana, alguns pesquisadores acreditam amplamente que os sentimentos de prazer existam para nos informar quando tivermos o suficiente de uma coisa boa – como comida, sexo ou mesmo companhia – e também para nos encorajar a ir atrás dessa coisa boa para sentir o prazer novamente.

Apesar de uma tese bem estruturada, não se pode afirmar que de fato esse é o propósito de existência da sensação de prazer. 

O que se sabe é que existe uma conexão entre a dor e o prazer na nossa biologia que não sabemos ao certo explicar, mas que ele está lá, ela está!

Adrenalina

Neurotransmissor das emoções intensas

Apesar de ser produzido nas glândulas suprarrenais, o que comumente a caracterizaria como um hormônio, a adrenalina pode ser muito bem classificada como um neurotransmissor, visto que sua atuação acontece no sistema nervoso simpático.

Adrenalina, outro hormônio adrenal que você só sente quando está exposto a uma demasiada carga de estresse. Quando você vê um jacaré por perto, quando você está andando por um estacionamento irregular ou quando você tem que fazer uma grande apresentação no trabalho, você sente os efeitos da adrenalina – aumento da frequência cardíaca, respiração mais rápida, hipervigilância. Nos bastidores, você está queimando carboidratos mais rápido.

A adrenalina prepara seus músculos para se envolver e desliga muitas outras funções do corpo para despejar toda a sua energia para que você possa lutar pela sua vida. Uma das funções mais notáveis que diminui a velocidade é a digestão.

Algumas pessoas ficam com diarreia quando estão nervosas – isso porque a adrenalina impede a digestão antes que o processo seja concluído. Você não vai notar tudo que desacelera, como o seu sistema imunológico, por isso é tão importante controlar os níveis de stress durante a sua vida.

Se a sua resposta ao estresse se ativar demais, você acabará com um sistema imunológico comprometido, problemas digestivos, distúrbios de humor, confusão cerebral e muito mais. Se você está estressado, tome medidas para manter seu estresse sob controle agora mesmo.

Dopamina 

Neurotransmissor do prazer e do vício.

Você provavelmente já ouviu falar desse neurotransmissor. De extrema importância para diversos dos nossos processos biológicos, a dopamina ganhou a atenção do mainstream nos últimos tempos. 

Em dezenas de artigos na internet, a dopamina é retratada como a verdadeira vilã e grande responsável pelo mau comportamento humano – o que supostamente faz com que desejemos tudo, sexo, chocolate ou apostas em dinheiro que não podemos perder. 

Especialmente, entrou no topo de temas discutidos acompanhando a relevância tomada pelas redes sociais e o motivo pelo que, aparentemente, alguém vicia no Instagram ou Twitter a ponto de verifica-lo a cada 5 minutos. 

Na verdade, a dopamina, assim como os outros neurotransmissores, é simplesmente uma substância química que permite que os sinais passem pelas sinapses, os espaços entre os neurônios. Ao fazer isso, ele permite que redes compostas por um grande número de neurônios façam seu trabalho.

A sinalização da dopamina é essencial para sistema de recompensa do cérebro, o que nos influencia a fazer coisas que parecem agradáveis e a fazê-las repetidamente (o que é o comportamento inicial do desenvolvimento de um vício).

Mas essa é apenas uma das inúmeras funções que a dopamina realiza em nossos corpos. Também é vital para processos importantes, como controle motor, aprendizado e memória.

Se muitas vezes relacionada a vícios ruins, a Dopamina também tem um papel importante na repetição de ações e bons hábitos relacionados ao bem-estar humano. A liberação de Dopamina acontece em situações de prazer afins, como a realização de exercícios físicos, quando você come algo que você goste ou quando você está com aquela pessoa que te faz bem.

Inclusive, alguns pesquisadores questionam a real conexão entre a dopamina e o prazer imediato, mas existe um maior consenso sobre a ação da dopamina no reforço da sensação de prazer e na indução da repetição de comportamento.

O fato é que se você deseja se satisfazer e ser feliz com pequenos acontecimentos da sua vida, vivendo o presente e levando a vida mais leve, prestar atenção aos seus níveis de Dopamina é essencial. As pessoas repetem comportamentos que levam à descarga de dopamina, sejam eles quais for. ]

No fim do artigo falaremos melhor como cuidar do seu corpo para que ela produza níveis adequados deste mensageiro químico.

Serotonina

Neurotransmissor do bem-estar.

Amplamente conhecido como o neurotransmissor da regulação do humor, da felicidade e do bem-estar, a serotonina, assim como muitos outros neurotransmissores, desempenha diferentes papéis nos nossos processos biológicos associados as emoções.

Estudos mostram, especialmente, uma clara relação entre baixos níveis de serotonina no cérebro e a depressão.

Embora exista uma ligação entre baixos níveis de serotonina e depressão, ainda não está claro se os baixos níveis de serotonina causam depressão ou se a depressão causa uma queda nos níveis de serotonina. 

O que sabemos, de fato, é que a serotonina é produzida no tronco encefálico e desempenha muitas tarefas no organismo, tais como: regulagem do humor, do apetite, do sono, da libido e até do ritmo cardíaco. 

Associada à felicidade, a serotonina também participa de funções comportamentais e, quando está em falta, a pessoa pode apresentar sintomas como cansaço, dificuldade de aprendizado e concentração, falta de memória e irritabilidade. 

Como estimular a produção de neurotransmissores

1. O suor é seu melhor amigo

As atividades físicas melhoram o fluxo de nutrientes para o cérebro e aumentam os níveis de dopamina, serotonina e noradrenalina presentes.

Se exercitar regularmente é talvez o passo número se você deseja equilibrar a produção e absorção de neurotransmissores no seu corpo, principalmente os neurotransmissores da felicidade.

2. Preste atenção de você está consumindo a dose correta de certos nutrientes

Ter uma alimentação equilibrada é fundamental para uma vida saudável. Refeições ricas em nutrientes como tirosina, ácidos graxos, ômega 3 e aminoácidos, presentes em frutas, legumes, peixes e ovos também agem elevam os níveis de dopamina.

3. Tome café, mas não muito!

O consumo de café diminui o risco de depressão. Isso porque o café estimula o sistema nervoso central e age como um antidepressivo ao aumentar a produção de neurotransmissores no cérebro, como serotonina, dopamina e noradrenalina.

Dica do mestre: Misturar o consumo de café com substâncias como L-teanina é garantia que você minimizará os efeitos negativos do café, como a produção elevada de cortisol. A L-teanina como uma substância relaxante, diminui os efeitos excitatórios do café, como taquicardia.

Assim, o café tirará seu sono, mas não te deixará agitado ao ponto de não conseguir se concentrar em uma atividade como terminar o que você tem para fazer no trabalho.

4. Cuida da sua saúde intestinal

Poucas pessoas dão a devida atenção a sua saúde intestinal. Um assunto pouco difundido no mainstream, o intestino é de extrema importância para quase tudo que acontece no nosso corpo, não apenas a excreção daquilo que não presta.

Não à toa, muitos pesquisadores consideram o intestino como o segundo cérebro.

Sua microbiota intestinal regula e impacta quase todos os hormônios no seu corpo, incluindo hormônios tireoidianos, estrogênio e a melatonina. Alguns destes hormônios, por exemplo, tem conexão direta com funções vitais do nosso corpo na produção de neurotransmissores.

5. Medite

A meditação melhora o foco, aumenta a capacidade de concentração e eleva os níveis de dopamina no corpo. Distrações como desenhar, tricotar e outras atividades manuais também ativam a produção de dopamina, além de proteger o cérebro do envelhecimento.

Conteúdo publicado e autorizado por Caffeine Army.

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